O tema Sustentabilidade deixou de ser um diferencial e passou a ser uma exigência nos principais setores da economia. Indústrias como a farmacêutica, o setor financeiro e o mercado de seguros têm incorporado práticas sustentáveis e aderido aos princípios ESG (ambiental, social e governança), como parte essencial de suas estratégias.
A indústria farmacêutica enfrenta o desafio de equilibrar inovação com impacto ambiental. A produção de medicamentos envolve o uso de recursos naturais, energia e gera resíduos químicos que, se não forem devidamente tratados, podem comprometer ecossistemas inteiros.
Algumas práticas sustentáveis, porém, têm sido adotadas pelo setor, como por exemplo a gestão de resíduos e a redução da pegada de carbono. Hoje, empresas do setor estão investindo em processos de síntese verde, que usam menos solventes tóxicos e consomem menos energia.
A indústria farmacêutica tem desenvolvido, ainda, remédios reutilizáveis, medicamentos mais sustentáveis e biotecnológicos com processos mais limpos. A GSK (GlaxoSmithKline), por exemplo, promove o recolhimento e a reciclagem de inaladores usados, como os de salbutamol. Isso reduz o descarte inadequado de cartuchos com gases poluentes.
Já Pfizer e AstraZeneca têm investido em blisters e caixas recicláveis ou com menos plástico, além de embalagens biodegradáveis. Por fim, a Novo Nordisk tem desenvolvido uma insulina produzida com fermentação por engenharia genética. Esse método emite menos CO₂ e inclui processos fermentativos, em vez de químicos.
Programas de tratamento avançado de resíduos químicos e farmacêuticos têm sido implementados, inclusive com logística reversa para medicamentos vencidos ou não utilizados. Para reduzir a pegada de carbono, muitas empresas têm adotado fontes de energia renovável em suas fábricas e centros de pesquisa. Além disso, iniciativas como a agenda ESG da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa – Interfarma têm promovido boas práticas e relatórios de sustentabilidade no setor.
Na área financeira, que tem um papel central na transição para uma economia de baixo carbono, investimentos responsáveis estão em alta. Bancos e instituições financeiras estão cada vez mais atentos aos riscos ambientais e sociais, associados às suas carteiras de crédito e investimentos. As principais ações por uma agenda verde incluem investimentos ESG, relatórios de sustentabilidade e análise de risco climático e créditos para projetos sustentáveis.
Sobre investimentos ESG, a oferta de produtos financeiros que consideram critérios ambientais, sociais e de governança tem crescido consideravelmente. Alguns exemplos práticos são fundos sustentáveis, green bonds (títulos verdes) e créditos com incentivos ligados a metas ESG. Segundo a Febraban, mais de 90% dos bancos brasileiros já integram aspectos ESG em suas políticas de crédito.
Instituições financeiras têm incluído relatórios de sustentabilidade às suas análises de risco, com base em padrões como os da Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP FI). Linhas de crédito voltadas para energia limpa, reflorestamento e inovação ambiental vêm sendo, ainda, priorizadas em diversas instituições bancárias.
A área de seguros também está sendo transformada pela agenda ESG; hoje empresas do setor têm investido, cada vez mais, em proteção e prevenção com responsabilidade. Seguradoras têm repensado produtos, avaliado riscos climáticos com maior rigor e incentivado comportamentos sustentáveis entre clientes e parceiros.
As principais ações nesse sentido incluem oferta de seguros verdes, gestão de riscos climáticos e promoção de educação ambiental. Seguradoras têm oferecido condições diferenciadas para empresas e indivíduos, que adotam os chamados seguros verdes, ou seja, práticas sustentáveis como seguros com desconto para veículos elétricos ou imóveis com certificações ambientais.
A análise preditiva* de riscos ambientais, como desastres naturais, vem ganhando espaço nas seguradoras, impulsionando produtos mais alinhados à nova realidade climática. Empresas de seguros têm investido na promoção da educação ambiental, em campanhas de conscientização sobre sustentabilidade e prevenção de riscos ambientais. A CNseg – Confederação Nacional das Seguradoras também tem incorporado os princípios ESG no setor, promovendo eventos e publicações voltadas ao tema.
Em suma, os setores farmacêutico, financeiro e de seguros têm papel estratégico na construção de uma sociedade mais justa, resiliente e sustentável. Os princípios ESG funcionam como um guia para que as empresas equilibrem desempenho econômico com responsabilidade ambiental e social.
Hoje, implementar a agenda ESG é mais do que uma obrigação legal ou uma exigência de mercado; é um compromisso com o futuro. Empresas que saem na frente colhem benefícios como reputação fortalecida, acesso facilitado a investimentos e crédito, redução de riscos operacionais e jurídicos, atração e retenção de talentos engajados
A sustentabilidade é um caminho contínuo de inovação, responsabilidade e transformação. Indústrias farmacêuticas, instituições financeiras e seguradoras que se comprometem com práticas sustentáveis e princípios ESG estão cumprindo seu papel social e se posicionando de forma estratégica, num mercado cada vez mais exigente e consciente.
*Análises preditivas usam dados, algoritmos estatísticos e técnicas de machine learning** para identificar a probabilidade de resultados futuros, a partir de dados históricos. O objetivo é ir além de saber o que aconteceu para obter uma melhor avaliação do que poderá acontecer no futuro (fonte: https://www.sas.com/pt_br/insights/analytics/analises-preditivas.html)
** Machine learning significa aprendizado de máquina em inglês. Esse é um método de análise de dados, que automatiza a construção de modelos analíticos. É um ramo da inteligência artificial baseado na ideia de que sistemas podem aprender com dados, identificar padrões e tomar decisões com o mínimo de intervenção humana. https://www.sas.com/pt_br/insights/analytics/machine-learning.html
Fontes de pesquisa:
– AstraZeneca Brasil – Sustentabilidade. https://www.astrazeneca.com.br/sustentabilidade.html
– B3. https://www.b3.com.br
– CNseg – Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde
Suplementar e Capitalização. https://cnseg.org.br
– GSK Brasil – Responsabilidade Ambiental. https://br.gsk.com/pt-br/responsabilidade-social-e-ambiental/
– Instituto Ethos. https://www.ethos.org.br
– Interfarma – Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa. https://www.interfarma.org.br
– Novo Nordisk Brasil – Sustentabilidade. https://www.novonordisk.com.br/sustentabilidade.html
– Pfizer – Relatório ESG 2023. https://www.pfizer.com.br/esg/
– Portal Febraban – Federação Brasileira de Bancos. https://portal.febraban.org.br/